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Desconecte-se!

Vivemos em pleno Século XXI, numa sociedade de consumo pós-moderna, globalizada e que cultua a velocidade da informação, onde estar conectado passa a ser uma necessidade fisiológica para muitas pessoas.

A informação em tempo real, o contato imediato, a mensagem instantânea, a selfie daquele momento exclusivo (para ser imediatamente compartilhada nas redes sociais), o desejo de acompanhar os passos das pessoas conhecidas, enfim, a necessidade de conexão e informação em tempo real e integral é uma constante na atualidade.

É cada vez mais comum encontramos pessoas que buscam fazer uma reserva de hotel para gozar férias dentre os estabelecimentos que disponibilizam acesso à internet Wi-Fi, sobretudo se este serviço já estiver incluso no valor da diária. Ficar enclausurado numa fazenda distante da cidade ou se hospedar num hotel praiano retirado da civilização e sem acesso à internet é uma prática cada vez mais rara nos dias de hoje.

Recentemente circulou na internet a foto de uma estação de metrô onde dos 15 passageiros que aguardavam o embarque, apenas um não estava concentrado e olhando para baixo, entretido com algum aparelho digital, o que gerou a brincadeira de chamar de ‘alienígena’ o desconectado...

Presenciei uma situação inusitada ao pedalar pela região metropolitana, quando uma criança que aguardava juntamente com a mãe o ônibus chegar, procurava insistentemente fazer com que ela desgrudasse o olho do celular para ver um caminhão muito grande que transportava uma hélice para geradores de energia eólica. Até onde acompanhei o caminhão passou e a mãe não cedeu aos chamados da filha para interagir no mundo real.

Almoçar ou jantar em restaurantes também se tornou um evento com ares tecnológicos, já que muitas vezes as pessoas ficam entretidas, cada qual com o seu celular, enquanto aguardam a refeição ou a conta chegar, algumas não largam o celular nem enquanto comem.

Chama a atenção que estas situações corriqueiras não se verificam mais apenas entre os jovens da geração ‘Y’, já que a necessidade de conexão full time é algo que atingiu também as gerações ‘X’ e ‘boomers’, evidentemente que cada uma com suas particularidades e necessidades no mundo virtual.

Embora pareça natural estar online na sociedade contemporânea (e aqui faço um parêntese para ressaltar que não ignoro nem pretendo desconsiderar toda a gama de benefícios que os meios de comunicação digital trouxeram para a civilização hodierna), cada vez mais as pessoas acabam se furtando do convício pessoal entre amigos e parentes, deixando de desfrutar as coisas simples e banais do quotidiano para ficar entretido com alguma forma de conexão virtual.

Vale a pena se desconectar por algumas horas ou mesmo durante um dia ou um final de semana, deixando os aparelhos eletrônicos de lado, sem ler e responder mensagens, e-mails e telefonemas, reservando momentos para curtir os relacionamentos reais com os seus, valorizando mais o contato pessoal do que o virtual, o que certamente lhe proporcionará qualidade de vida e bons momentos de prazer com pessoas que efetivamente são importantes.

 
Guilherme Borba Vianna é advogado, sócio da Andersen & Vianna Sociedade de Advogados, professor de Direito do Consumidor e de Direito Empresarial da FESP-PR.


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